23.1.11
Leitores de almas
"Lágrimas conversam comigo. Pela manhã, a tarde, durante a noite. Elas sempre acabam aparecendo assim que lêem minha alma. Só existe uma coisa pior do que as lágrimas conversarem comigo: eu não conseguir conversar com elas. Já tentei, mas nunca se quer pude mandá-las desaparecer, fazer com que elas parassem de me constrangir. Elas disseram-me que aparecem por um coração partido, tentam ajudar. Mas elas não sabem que, as lágrimas não ajudam. Nada vai adiantar, elas aparecerem de uma hora para outra, isso só faz-me lembrar que eu tenho um coração defeituoso. AS vezes eu tento consertá-lo, espalhar as lágrimas pelo meu rosto até que ninguém mais pudesse ver e colei o meu coração com fita-cola. Ninguém desconfiou, mas elas sim. Elas continuaram a aparecer, e eu continuei a espalhar. Quanto mais espalhava, mais lágrimas apareciam. Elas só pediam para que eu parasse com essa loucura, parasse de ser uma boa actriz. Eu disse a elas que eu estava bem, mas eu já contei a vocês, elas não podem-me ouvir. Elas só conversam com minha alma, e enxergam o meu coração colado. De tanta cola o meu coração endureceu, tornou-se frio e amargurado. As lágrimas já sabiam, elas sempre sabem. Hoje elas contaram-me que, se um coração torna-se uma pedra por causa de uma dor sofrida, só o verdadeiro amor pode curá-lo. Mesmo em vão, sabendo que elas não poderiam-me ouvir, perguntei: Quanto tempo tem que se lutar para que uma alma endurecida se reentregue ao movimento da vida? Eu mesma respondi: Muito, intensamente, extremamente e com toda a fé".
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